quarta-feira, 27 de junho de 2012

Israelenses criam novas linhagens de células-tronco para doenças degenerativas



Depois de 12 anos de trabalho, especialistas da Hadassah University Medical Center, de Israel, desenvolveram três novas linhagens de células estaminais embrionárias humanas (hESCs), as primeiras no mundo a serem produzidas sem contaminação de qualquer animal - camundongos ou gado - dentro das normas GMP (Good Manufacturing Practices).
De acordo com o professor Bejamin Reubioff, essas novas linhagens permitirão o desenvolvimento de um número infinito de tecidos humanos, capazes de tratar uma ampla gama de doenças degenerativas.
"Ninguém mais conseguiu realizar o que fizemos, porque é muito difícil trazer o know how do laboratório de pesquisa para as condições concretas de implantação no corpo das pessoas", diz Reubioff.
As células-tronco embrionárias podem se diferenciar e amadurecer em qualquer tipo de corpo humano, o que lhes dá o potencial para servir como uma fonte infinita de produção de células regenerativas para transplante em casos de doenças graves e degenerativas, como AMD, diabetes tipo 1, insuficiência cardíaca e mal de Parkinson.  

sábado, 23 de junho de 2012

O imperador e as células-tronco

Por Alysson Muotri


Um encontro internacional de pesquisa envolvendo células-tronco, em Yokohama, no Japão, marcou na semana passada os dez anos da Sociedade Internacional de Células-Tronco, da qual participo desde sua origem. Em retrospectiva, o primeiro encontro não tinha mais do que cem participantes, a maioria dos EUA, que se reuniam sempre na mesma sala. Dez anos depois, são mais de 4 mil afiliados do mundo todo, e os encontros acontecem em diversas salas de forma simultânea. Um grande salto para a grande promessa da medicina do século 21.
A celebração dos dez anos contou com a presença do imperador e da imperatriz japoneses, em uma cerimônia que transferia a presidência da sociedade, do neurocientista Fred Gage para o pesquisador japonês Shinya Yamanaka. Shinya ficou popular com seu trabalho sobre a geração de células-tronco pluripotentes induzidas (conhecidas como iPS cells, em inglês) através da reprogramação celular. A pesquisa permite, entre outras coisas, a criação de tipos celulares especializados de pacientes para triagem de drogas. Shinya é um forte candidato ao prêmio Nobel nos próximos anos. A presença do imperador mostra o sério investimento do Japão nessa área. Difícil imaginar algo semelhante acontecendo em outros países.
Participo desses encontros sempre que posso e tento colaborar com a sociedade porque acredito que as células-tronco precisam realmente de uma representação internacional. Das atitudes que me agradam, destaco a grande quantidade de informação disponível sobre o assunto na página da sociedade. Além disso, existe um site que procura instruir pacientes e familiares sobre como agir, o que perguntar e como avaliar possíveis tratamentos experimentais. A ideia é educar o público leigo para que se aumente a massa crítica a respeito de eventuais terapias não comprovadas cientificamente, visando reduzir o famigerado “turismo médico” que se criou em torno das células-tronco.
Dos trabalhos apresentados este ano, destaco a atuação do grupo de Hiromitsu Nakauchi, da Universidade de Tóquio, sobre a geração de rins transgênicos. O grupo apostou em porcos quiméricos para mostrar que é possível criar órgãos inteiros e funcionais a partir de células-tronco pluripotentes. Para isso, os pesquisadores transplantaram células-tronco de porcos normais em blastômeros (estágio embrionário), gerados a partir de um casal de porcos que carregam uma alteração genética que os impede de desenvolver os rins.
Os embriões quiméricos (carregando células de origens diferentes) foram então transferidos para o útero de uma porca com gravidez induzida. Os filhotes nasceram com rins funcionais e foram capazes de encher a bexiga e urinar normalmente. As células-tronco transplantadas foram as responsáveis pela criação dos rins nos animais geneticamente programados para nascer sem os rins. O grupo pretende agora repetir o ensaio usando células-tronco de pluripotência induzidas de macacos. Quando indagado sobre o uso de células-tronco pluripotentes induzidas a partir de humanos, o grupo respondeu que a proposta está sendo analisada pelo comitê de ética da universidade.
O benefício para a humanidade de se produzirem rins e outros órgãos humanos em porcos é enorme: acabaria com as filas de transplante e salvaria milhões de vidas. No entanto, a questão ética merece ser estudada. Acredito que animais quiméricos, isto é, carregando células-humanas em diversos tecidos do corpo, ainda causem estranheza para os leigos. Mas a verdade é que cientistas vêm fazendo esse tipo de experimento há décadas. Quando em 2005 mostrei que células-tronco embrionárias humanas poderiam integrar-se funcionalmente no cérebro de camundongos, depois de um transplante in-utero em camundongas grávidas, recebi uma série de e-mails repudiando esses experimentos.
No topo da lista de argumentos, estava a ideia de que neurônios humanos nos cérebros de roedores poderiam aumentar algumas funções cognitivas nesses animais, gerando algo semelhante à consciência humana, por exemplo. Baseando-me numa série de evidências sobre o desenvolvimento do sistema nervoso humano, diria que isso é praticamente impossível.
Mas a real preocupação do quimerismo no caso dos porcos é a eventual transmissão de gametas humanos pelos animais, gerando organismos deformados, meio homem, meio porco (como na foto abaixo). Existem formas de avançar o conhecimento científico sem infringir a ética ou a moral humana vigentes (sim, ética e moral variam dramaticamente com o tempo). Evitar que os animais cruzem é uma opção simples.


As possibilidades de uso de células-tronco são limitadas apenas pela criatividade humana. Os encontros internacionais com pesquisadores da área são locais de intensa discussão e reflexão dos benefícios e perigos dessa tecnologia que está ainda na infância. O futuro da medicina está, sem dúvidas, nas células-tronco.

Fonte: G1

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Menina de 10 anos recebe transplante de veia feita com suas células-tronco



Um órgão “fabricado” com células-tronco foi o que salvou a vida de uma menina norte-americana de apenas 10 anos. Portadora de uma doença incomum, ela precisava substituir a Veia Portal Hepática, que leva sangue dos intestinos e do baço até o fígado.
Para evitar as complicações de um transplante convencional (principalmente o risco de rejeição), um grupo de pesquisadores suecos criou uma veia a partir células-tronco da própria paciente. Usando como base a estrutura de uma veia que havia sido doada, eles cultivaram o tecido por duas semanas e implantaram na criança.
Pouco depois da cirurgia, o novo vaso sanguíneo já estava com fluxo normal. Para a Dra. Suchitra Sumitran-Holgersson, que participou da equipe responsável pela operação, os resultados são muito animadores. “Essa técnica pode aumentar muito a qualidade de vida do paciente após o transplante”, declarou.
Apesar do sucesso, a Dra. Sumitran-Holgersson ressalta que a técnica ainda precisa ser aperfeiçoada: nove meses depois do transplante, foi preciso fazer uma nova intervenção, dessa vez para tratar parte do tecido, que havia ficado rígido. Hoje, a menina está com boa saúde e consegue fazer exercícios leves.
Criar órgãos ainda é um procedimento complexo e de custo elevado, mas que traz esperança a muitos pacientes e tem um enorme potencial. “Acredito que ainda veremos muito isso no futuro”, conclui a médica.[ABC News]
Fonte: Hype Science