quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Resultados de células embrionárias sairão em meses


Resultados de células embrionárias sairão em meses

Os primeiros resultados do inédito teste de células-tronco embrionárias em seres humanos devem estar disponíveis dentro de alguns meses, segundo afirmou ontem o coordenador da experiência, que pode revolucionar os tratamentos médicos. Richard Fessler não deu muitos detalhes sobre a divulgação dos resultados, mas confirmou que o primeiro paciente já recebeu a injeção de células-tronco embrionárias.
Demoraremos pelo menos oito meses para completar esta primeira etapa. É assim que avaliamos se o método é seguro
O material, convertido em laboratório em precursoras de células nervosas, atuará na medula espinhal do voluntário, que sofreu um trauma na coluna há menos de duas semanas. O transplante, anunciado na segunda-feira, marcou a largada dos primeiros testes clínicos com as células embrionárias. A fase inicial da pesquisa deve durar oito meses - cada qual dedicado a um participante do estudo.
Os testes clínicos são conduzidos no Shepherd Center, em Atlanta, nos EUA, com gerenciamento da Geron Corp. Richard Fessler ressaltou ontem que a seleção dos pacientes será rigorosa, e que os candidatos que preencherem todos os requisitos só terão 11 dias para decidir se querem ou não submeter-se à terapia experimental.


Pacientes terão advogados para evitar pressões
Sete centros de pesquisa do país estão aptos para cadastrar interessados em participar do experimento. Os médicos podem recomendar pacientes que tiveram a coluna esmagada, mas não partida, em um intervalo inferior a duas semanas. Os candidatos também não podem ter infecções ou histórico de câncer.
A etapa seguinte avaliará se as hastes metálicas ou parafusos usados na estabilização da coluna do paciente obstruem a visão da medula em um aparelho de ressonância magnética.
Se estas condições forem preenchidas, o paciente pode receber as células embrionárias. Desde, é claro, que ele não tenha qualquer resistência pessoal ao tratamento. Os candidatos têm 11 dias para resolver eventuais conflitos éticos ou religiosos. O prazo, segundo Fessler, não é arbitrário.
- Temos de fazer os testes até duas semanas após o ferimento. São três dias de exames pré-operatórios. Portanto, a decisão precisa sair até 11 dias depois da lesão - calcula.
Logo depois da injeção, que conta com cerca de 2 milhões de células, os pesquisadores buscarão sinais de toxicidade no paciente.
- Vamos esperar 30 dias para ter certeza de que não houve reações adversas - explica. - Só depois é que partimos para o paciente seguinte. Portanto, demoraremos pelo menos oito meses para completar esta primeira etapa. É assim que avaliamos se o método é seguro. Depois, tentaremos saber se ele surtiu algum efeito.
Os médicos acompanharão os transplantados enquanto eles estão sob efeito de medicamentos para suprimir seu sistema imunológico (evitando que o organismo rejeite a injeção). Esta etapa se estende por 45 dias após a cirurgia.
Os pacientes serão monitorados por 14 anos, período em que os médicos vão procurar por avanços motivados pela injeção das células-tronco.
- Considerando o estágio inicial dos transplantados, não espero qualquer progresso motor ou sensorial em meses - avisa Fessler.


Terapia no Brasil pode pular etapas fracassadas
O estabelecimento de um mês de espera entre cada transplante agrada Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano e do Instituto Nacional de Células-Tronco em Doenças Genéticas, da USP.
- Se houver qualquer reação adversa, ela acometerá apenas uma pessoa, e não os oito pacientes simultaneamente - lembra. - Os reparos serão feitos no decorrer desta primeira fase.
Embora o objetivo inicial seja testar a segurança da injeção de células-tronco, Mayana gostaria que mais dados sobre a terapia fossem divulgados para a comunidade científica. A Geron Corp, no entanto, deve manter o resultado dos testes clínicos em sigilo. A identidade do primeiro transplantado tampouco foi revelada.
- Seria interessante ter acesso a mais informações. Ainda assim, valeu a pena lutar pelas células-tronco - comemora. - E os pacientes brasileiros não devem achar que estão perdendo alguma coisa. Quando chegar a vez de trazer o método para cá, vamos poder pular as etapas que não surtiram o efeito desejado nos EUA.
(*) Com agências internacionais
Fonte: O Globo

Um comentário:

  1. Agora a Cientista Mayana Zatz talvez se renda a eficácia do uso de células-tronco, afinal agora são os EUA quem estão "testando"....para no fim obterem os mesmos resultados que os Chineses vêm apresentando desde 2002 com sucesso.
    Ponto para os Chineses!

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